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Textos e Contextos
do Orientalismo Português

Santana Rodrigues (Goa, 1887 – Lisboa, 1966)

Santana Rodrigues
© Álbum particular. Foto gentilmente cedida pela família de Santana Rodrigues.
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António Aleixo de Santana Rodrigues deslocou-se, ainda muito jovem, de Goa para Lisboa, onde se formou em Medicina Tropical pela Universidade de Lisboa. Foi assistente na Faculdade de Medicina dessa Universidade e no Instituto de Medicina Legal, tornando-se, posteriormente, professor de Medicina Legal na Escola Médica de Goa e chefe de Clínica do Instituto de Medicina Legal.

O seu pensamento conforma-se no âmbito da receção em Portugal e em Goa do independentismo indiano, consistindo também num esforço de divulgação da Índia e da sua civilização antiga e contemporânea. Ao longo do seu percurso, publica em Goa e na metrópole sobre estes assuntos, como é o caso dos seus artigos para o jornal goês hindu Bharat (1921). Colaborador da Seara Nova, viria a ser um dos mentores do poeta e intelectual Adeodato Barreto (1905-1937). Participou do trabalho coletivo em torno do periódico Índia Nova: jornal de expansão da cultura indiana, cujo primeiro número é lançado em maio de 1928, em simultâneo com a fundação do Instituto Indiano da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Esta revista pretendeu divulgar a identidade goesa, bem como indiana em geral, aliando o teor político ao cultural. Esta obra mostra bem que a divulgação cultural e literária da Índia não era inocente, fazendo parte de um projeto político bem definido. Foram publicados apenas seis números da Índia Nova, tendo o último a data de 1929. No jornal colaboraram muitos goeses residentes em Portugal, como o próprio Santana Rodrigues, Santa Rita e Sousa, Mário da Silva Coelho, Maria Ermelinda dos Stuarts Gomes, Luís Timóteo de Sousa, Luís Colaço e outros. Em 1928, Santana Rodrigues participou no XVII Congresso Internacional de Orientalistas, que teve lugar de 27 de agosto a 1 de setembro, na Oriental Faculty da Universidade de Oxford. Neste evento académico, onde esteve acompanhado de Moses Bensabat Amzalak, mostrou a faceta menos conhecida de estudioso da língua vernácula de Goa com a comunicação “The Origin of Konkani Language”. Publicada em forma de artigo em O Instituto: revista scientífica e literária no ano seguinte, alinha-se claramente com o pensamento de Cunha Rivara, que reproduz ao longo do artigo em tradução inglesa, para além de incorporar excertos do seu artigo de 1927 sobre a instrução pública em Goa.

 

Bibliografia selecionada do autor

1923. The Indian National Movement. Lisboa: N.G.R.I. [edição bilingue em Inglês e Português]
1924. Memória sobre a Representação Parlamentar do Estado da Índia Portuguesa. Lisboa: [s.n.].
1926. A Índia Contemporânea. Pref. Azevedo Neves. Lisboa: J. Rodrigues.
1926. Literatura hindu contemporânea. Dionysos: revista mensal de philosophia, sciencia e arte 3 (3, mai.): 162-167.
1927. A Instrução Pública em Gôa (ensaio de um plano de reforma). Sep. Seara Nova. Lisboa: Tip. da Seara Nova.
1929. O Swarajismo Hindu: ideias e figuras [conferência]. Lisboa: Imprensa Nacional.
1929. The Origin of Konkani Language. O Instituto: revista scientífica e literária 78 (5, 4.ª série): 561-572.
1946. O Abade Faria: a vida e obra do misterioso personagem do romance “O Conde de Monte Cristo”. Lisboa: Empresa Contemporânea de Edições.

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última atualização em outubro de 2018